13 de out. de 2006

O discreto milionário do YouTube

Jawed Karim, 27 anos, circula de jeans e camisa pólo. Seu sonho mesmo é ser professor de Stanford

Para Jawed Karim, os US$ 100 mil que ele precisa desembolsar para obter um título de mestre na Universidade de Standford nunca comprometeram seu saldo bancário. Ele deu a sorte grande em 2002 quando a PayPal, uma companhia de pagamento eletrônico à qual ele havia se juntado há pouco tempo, foi comprada pelo eBay, site de leilões eletrônicos na internet.

Na segunda-feira, já adiantado para seus estudos do segundo semestre na universidade, ele teve sorte novamente. Desta vez, tanta sorte como se tivesse acertado numa loteria federal.

Karim é um dos três fundadores do site de vídeos YouTube, que o Google concordou em comprar por US$ 1,6 bilhão. Ele estava presente durante a criação do YouTube, contribuindo com algumas idéias-chaves sobre um site em que os usuários poderiam compartilhar vídeos. Para ele, no entanto, a academia tinha mais atrativos do que transformar aquela idéia em um negócio.

Enquanto seus parceiros Chad Hurley e Steven Chen construíram a companhia e se tornaram celebridades na mídia e internet, ele silenciosamente voltou para a sala de aula, batalhando para conquistar a sua graduação em Ciências da Computação.

Karim, de 27 anos, ficou desconfortável quando o assunto foi para a questão de dinheiro, e ele diz que não sabia o que faria quando a oferta realizada pelo Google fosse completada. Disse apenas que é um dos maiores acionistas individuais da companhia, mas tem uma fatia menor da empresa que seus dois colegas, cujas partes estão estimadas em cerca de US$ 300 milhões cada. Mas o acordo foi tão fabuloso, afirma, que sua parcela mesmo assim ficou grande. 'O tamanho da oferta para a aquisição torna quase irrelevantes estes detalhes', diz Karim.

Na quarta-feira, durante uma caminhada pelo campus, numa visita ao seu dormitório e ao edifício de Ciências da Computação onde ele tem aulas, Karim descreveu a si mesmo como um nerd que se anima com os estudos. Nada em seu quarto sugere que ele é algo além de um estudante comum. No campus, ele não chama atenção, usando jeans, uma camisa pólo azul e tênis da Puma.

Karim diz que talvez continue com um pé no empreendedorismo, pois sonha em ter impacto no modo como as pessoas utilizam a internet - algo que ele já fez. A filantropia também pode ter algum apelo, mas o que ele mais quer mesmo é ser professor. Ele diz que espera seguir os passos de outros acadêmicos de Stanford, que ficaram ricos no Vale do Silício e depois retornaram. 'Existem alguns bilionários neste prédio', diz. Mas seu caminho não está ainda totalmente planejado. 'Se eu ver uma outra oportunidade como o YouTube, eu sempre poderei fazer parte.'

David Dill, professor de Stanford, acha a escolha de Karim fora do comum. 'Estou impressionado que, mesmo com o sucesso nos negócios, ele tenha decidido seguir um programa de mestrado aqui.'

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