2 de set. de 2006

"Código da Vinci", a fraude.

A fraude «Da Vinci» Entrevista com a escritora e colunista Amy Welborn
FORT WAYNE, Indiana, segunda-feira, 3 de maio de 2004 (ZENIT.org).- Primeiro foi «O Código Da Vinci». Agora vem «Decodificando Da Vinci» («De-coding Da Vinci»).
Este último, da escritora Amy Welborn, vem desmascarar os erros que permeiam a novela best-seller de Dan Brown.
Welborn é colunista, redatora do semanário católico «Our Sunday Visitor» e autora de vários livros, incluindo «Prove It!» (Prova!), uma série de livros de apologética para jovens.

--«O Código Da Vinci» não é mais que uma novela de ficção? Por que pensa que é importante escrever um livro assim?
--Welborn: «O Código Da Vinci» é certamente uma obra de ficção, realmente em muitos sentidos. Mas dentro do marco desta novela, o autor, Dan Brown, apresenta muitas afirmações sobre a história, a religião e a arte. Apresenta-as como verdade, não como parte de seu mundo de ficção.
Por exemplo, um dos pontos centrais de Brown é que os primeiros cristãos não acreditavam que Jesus fosse divino, e que Jesus e Maria Madalena estavam casados.
Estas afirmações são colocadas na boca dos personagens eruditos e marcadas com frases como «dizem os historiadores» ou «consideram os estudiosos».
Dan Brown afirmou repentinamente em entrevistas que parte do que faz em seu livro é apresentar uma «história perdida» até agora para os leitores, e que está contente de fazê-lo.
Pelo que, certamente, «O Código Da Vinci» é uma novela, mas o autor faz afirmações sobre história dentro da novela, apresenta-as como fatos e amplamente aceitados, e é este elemento da novela o que deixou intranqüilos alguns leitores e requer uma resposta.
--Quais são as afirmações mais importantes sobre as origens cristãs que Dan Brown faz nesta novela? Que é o que mais tirou a tranqüilidade do povo, como a senhora diz?
--Welborn: Brown faz várias afirmações, nenhuma das quais pode ser assumida seriamente como verdadeira, pela boca de eruditos fictícios.
O livro se baseia em um Jesus, professor mortal de sabedoria, que intentava reintroduzir a noção do «sagrado feminino» na consciência e experiência humana. Teve seguidores, e se casou com Maria Madalena, que é considerada a líder deste movimento.
A isto se opôs outro partido --o «partido de Pedro»-- que trabalhou para suprimir a verdade.
É esta sugestão de que a Igreja Cristã se empenhou em uma ocultação destrutiva da verdade que tirou a tranqüilidade dos leitores , assim como a idéia --proposta por afirmações de Brown como «os historiadores crêem»-- de que Jesus não foi considerado divino por seus primeiros seguidores.
--Como responde a estas afirmações em seu livro?
--Welborn: A primeira coisa que faço é detalhar as contradições inerentes a estas declarações. Simplesmente não têm nenhum sentido em diferentes níveis.
Por exemplo, Brown diz que o «partido de Pedro», ou seja, o cristianismo ortodoxo, opôs-se a Maria Madalena e a demonizou.
Pois bem, nos primeiros séculos em que isto estava supostamente ocorrendo --os primeiros três séculos do cristianismo-- temos muitos exemplos de Padres da Igreja que sustentavam que Maria Madalena recebera um louvor particular. Maria Madalena é honrada como santa no catolicismo e na ortodoxia. Como é que a demononizou?
Também, e algo mais fundamental, Brown afirma que Constantino basicamente inventou a noção da divindade de Cristo para apoiar seu poder e unificar o império.
Se esta fosse a causa, o que era, na realidade, esse «partido de Pedro» da ortodoxia que Brown afirma que esteve lutando contra os devotos de Maria Madalena por todo poder durante estes séculos? Não se sustenta.
Na base de tudo isto está a questão das fontes, que me tomou muito tempo para tratar-lhes em meu livro. Os leitores precisam entender que as fontes das quais depende Brown são, sobretudo, escritos gnósticos que datam de finais do primeiro século e com toda probabilidade de serem de muito mais tarde.
Ignora completamente os escritos do Novo Testamento, que inclusive os eruditos mais céticos datam do primeiro século, ao igual que o testemunho dos Padres Gregos e Latinos, assim como a evidência litúrgica destes três primeiros séculos.
Considerando isto, não há razão para considerar como algo sério nada do que Brown afirma das origens cristãs.
--Qual é o papel do Opus Dei no «Código Da Vinci»?
--Welborn: Parece-me que em «O Código Da Vinci», o Opus Dei desempenha o papel que normalmente julgavam os jesuítas nas antigas novelas e polêmicas anticatólicas: uma sociedade mundial secreta com laços únicos com o Papa, constituída para nada bom.
Brown usa uma caricatura do Opus Dei nesta novela, ainda que tente desculpar suas bases e converte todos em vítimas mais que em vilãos.
Mas não resulta necessário dizer que «O Código Da Vinci» está cheio de declarações e caracterizações errôneas do Opus Dei, como o demonstra a figura interessante de um «monge» do Opus Dei, o que já em si desautoriza tudo o que Brown tenha que acrescentar sobre o grupo porque o Opus Dei não tem monges.
--São defensíveis as afirmações que Brown faz sobre a obra artística de Leonardo Da Vinci?
--Welborn: Em absoluto, e resulta mais chocante seus erros, em quase todos os aspectos da vida e obra do artista que procura apresentar. Tenho muitos detalhes em meu livro, mas creio que o ponto de início é o próprio nome do artista.
Brown apresenta a si mesmo como uma espécie de devoto e especialista em história da arte. Mas se refere constantemente ao artista em questão «Da Vinci», como se este fosse seu nome. Não o é. É o indicativo de sua cidade natal.
Seu nome era «Leonardo», e este é o nome pelo qual é chamado em qualquer livro de arte que se consulte. Quem se proclama ser especialista em arte e se refere ao artista como «Da Vinci» é tão confiável como uma pessoa que proclama ser historiador da Igreja referindo-se a Jesus como «de Nazaré».
--«O Código Da Vinci» é anticatólico?
--Welborn: É, neste sentido: Dan Brown considera culpado o catolicismo por supostos crimes que, se fosse conseqüente, fariam culpado a todo o cristianismo.
Depois de tudo não é unicamente o catolicismo o que crê que Jesus é divino, recita o Credo de Nicéia e aceita o cânon do Novo Testamento. Não é só a Igreja Católica a que desempenha um papel --e nem muito menos tão grande como Brown proclama-- na execução de bruxas durante o último período medieval e os inícios da época moderna.
Como americana, posso dizer-lhe com toda confiança que os bispos católicos não estavam no cargo durante os juízos contra as bruxas do século XVII em Salem, Massachussets.
De modo que, neste sentido, pode-se dizer que «O Código Da Vinci» é anticatólico.
--Por que crê que as afirmações sobre as origens cristãs que faz Brown foram recebidas com tanto entusiasmo, inclusive pelos que se professam cristãos?
--Welborn: Porque, infelizmente, não receberam uma boa educação das origens históricas do cristianismo. Meu livro é essencialmente um intento de fazer algumas correções a esta situação.
Animo os leitores, enfim, a que não dependam das tolices desta novela para ampliar sua compreensão das origens cristãs.
Se estiverem interessados em quem era Jesus verdadeiramente, no que pregou, há um modo muito acessível de fazê-lo, que não tem nada de segredo nem de oculto. É o Novo Testamento. É a vida sacramental da Igreja. Se quiserem encontrar Jesus, digo-lhes, comecem aí. Ficarão surpresos com o que encontrarão.
Retirado, na íntegra, do portal: www.presbiteros.com.br
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